Regionalismos

E, com o tempo, a gente vai aprendendo o dialeto local. O primeiro passo, é conseguir entender as palavras que são ditas numa velocidade muito próxima à da luz. Mesmo que a gente não entenda o significado de algumas delas. Isso vem com o tempo.
Algumas são clássicos, mas eu nunca ouvi, talvez por terem mais cara de ditado do que de linguagem coloquial, mesmo: “me caiu os butiá dos bolso”, “é que nem tosa de porco, muito barulho e pouca lã”, e assim vai.
Mas outras são de uso diário e contínuo, fazem parte do dia a dia. A gente se acostuma, e a grande maioria a gente entende por dedução, já que são bastante óbvias. Outras, nem tanto.
Nas férias de ano novo eu e o Lauro percorremos a Costa Doce. É a parte interna da Lagoa dos Patos, que é balneável, saindo de Porto Alegre até Rio Grande, onde encontra o mar.
Estávamos em Pelotas, pedimos uma informação, e quando agradecemos a moça nos respondeu “de nada, merece!”.
Merece????
O Lauro me explicou: seria como se eu, paulista, dissesse: “que é isso, foi um prazer, sem problemas”, etc e tal. Um “de nada” com delicadeza.
Essa outra eu aprendi hoje.
Fomos ao posto de saúde, de manhã, para tomar vacina contra febre amarela. No posto, fomos informados que as senhas para vacinação de manhã já tinham acabado, mas que voltássemos para pegar senha para o turno da tarde, que começaria às 13:00h. Mas que “a partir da meia hora as senhas já seriam distribuídas”.
Meia hora??
Essa foi mais difícil. Estou lerda, por conta de uma virose que peguei no feriado e me mandou pro hospital no domingo de Páscoa (eu e metade da cidade, diga-se de passagem). O cara do posto falava muuuuuito rápido, e com muitos erros de português. Já dificultou mais. Eu fiquei olhando pro moço com os olhos arregalados e o cérebro travado, com a boca meio aberta, enquanto o Lauro conversava com ele, e logo agradeceu e saímos.
-Mas o que é isso de “meia hora”, Lauro???
A primeira meia hora da tarde, a partir das 12:00. Ou seja, meio dia e meia.
Existe um livro, que o Lauro me deu, um Dicionário de Gauchês. É bem engraçado, mas essas, de dia a dia, só vivendo, mesmo!